"Quem desce Gaia, com os olhos ainda  presos à bonomia sólida e às vezes idílica dos subúrbios, ao seu mau gosto  urbano e à sua vida comercial em que se nota uma familiaridade de província com  o seu sabor de horta com glicínias e água do poço, quem traz ainda consigo essa  indiferença que as coisas felizes nos provocam, suspende-se de repente ao  encontrar a face da cidade. Está ela como que inclinada numa cordilheira, com o  ar cativo, as faixas das ruas parecendo pendentes do casario desigual".  
A luz é doce sobre os telhados de um vermelho estagnado; paredes  de folha ferrugenta, cores de cimentos sujos e os verdes húmidos dos socalcos  onde outrora se talhavam talvez as vinhas, compõem uma expressão de profunda  simpatia moral. Há naquela velhice de bairros cruzados e lôbregos, naqueles  edifícios presidiais, uma paixão e um selo de resistência. Os casaréus  ribeirinhos cobrem - se de trapos que flutuam, há sobre a margem grandes lonas  de cargueiros estendidas a secar; uma canhoneira prateada está ancorada como que  à sombra das árvores da marginal..."
terça-feira, 6 de novembro de 2007
A Alma do Porto
Retirado do livro "O sentimento do Porto"
Servido por...
Travelling_Person
em
15:39
 
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