sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Capítulo 4: "Quero o meu primeiro beijo"

Capítulo 4 “Quero o meu primeiro beijo”

Foi precisamente nos gramados do Oporto Golf Club que beijei a Mariana pela primeira vez. Ensinei-a a jogar golfe mas ela, como é óbvio não acertou na maior parte das bolas. Almoçámos no restaurante do clube juntamente com os meus pais, que ainda não sabiam que namorávamos, apenas conheciam a Mariana como minha amiga. Gostaram muito dela, sabiam quem eram os pais e até se davam bem. Pensei cá para mim: um problema a menos.

Agora só me preocupava uma coisa: será que este namoro era para durar? Ninguém sabe, e nunca ninguém espera que na primeira semana haja uma discussão. Saímos do clube e fomos passear para a zona mais bonita do Mundo, para mim claro, a Foz. Passeámos no Parque da Cidade, juntamente com o gigante Simba. Correu que se fartou, brincou com os “amigos” dele e eu e a Mariana conseguimos namorar um bocado. Combinámos ir jantar a Matosinhos, a um restaurante que eu conhecia, só fazia grelhados e assados e era um restaurante de um digno portista. Fui buscar a Mariana passava pouco das 20:30 e fomos directos ao restaurante, já tinha marcado mesa. Agora só havia um problema: onde é que eu ia estacionar o carro? Aquela zona das docas é muito complicada arranjar um sítio para estacionar, ainda por cima eu estava com o Porsche do meu pai, portanto não podia subir o passeio. Estava um tempo fabuloso, abri a capota e tudo. Mas pronto, lá chegámos a Matosinhos e consegui estacionar o carro praticamente à porta do restaurante. Acabámos de jantar e fomos até um bar que tem música ao vivo ao fim-de-semana, falámos com amigos comuns e suas respectivas e passámos ali um bom bocado. No final da noite, e já com alguns copos de cerveja em cima o pessoal desafiou-me a tocar piano para quem estava no bar. Como conhecia o dono e ia lá várias vezes não foi muito complicado ter a minha primeira actuação em público, digamos assim.

Toquei várias músicas, entre as quais portuguesas e estrangeiras mas não posso deixar de dizer que toquei uma interpretação que eu fiz de uma música que fala sobre a cidade do Porto. Saímos do bar já passava das 4 e 30 da manhã. Fui levar a Mariana a casa, ainda tivemos um bocado à conversa dentro de casa e combinámos encontrar-nos na Praia do Ourigo ao final da manhã para tomarmos o café da “praxe” antes do almoço. Claro que eu tomava o café e rematava com uma nata cheia de canela, ainda estou em fase de crescimento. No meio disto tudo esqueci-me que ainda estava na altura de exames. Quando cheguei a casa às 5:00 o meu pai estava à minha espera, eu já estava a prever que isso acontecesse:

- Raios, havia de ter um sono mais pesado!

Foi então que o meu pai se sentou comigo na sala de estar e perguntou-me:

- Mário, o que é que queres fazer da tua vida?

- Para quê esta conversa agora? São 5 da manhã, pai!

- Por isso mesmo, não achas irresponsável da tua parte em altura de exames andares a sair até estas horas?

- Mas eu sempre saí até tarde e tu nunca criticaste. Ou esta conversa não tem a ver com o facto de eu ter levado o Porsche? Que eu saiba, tu emprestaste-me.

- Isso eu sei, mas eu estou preocupado contigo, quero que tu acabes o teu curso, quero que tenhas uma vida estável, quero que te cases, quero que constituas uma família.

- Isso é o sonho de qualquer pai, mas tens que respeitar as minhas opções, aquilo em que eu acredito, aquilo que eu gosto de fazer. Gosto de jogar golfe, gosto de medicina, e gosto da Mariana.

- Então estiveste até esta hora com a Mariana? Vocês são namorados?

- Por acaso não era para te contar para já, a ti e à mãe, mas eu e a Mariana namoramos.

- Podias ter dito, assim fico mais descansado. Pensava que tinhas ido para os copos com os teus amigos. Bom, vai lá descansar porque amanhã tens que estudar.

- Eu sei pai, já não sou uma criança, tanto que já estou a meio do curso de medicina. Mas quero que saibas uma coisa, antes que te digam: não passei a Neuro Anatomia, tenho que ir a Setembro.

- Não te preocupes, em Setembro fazes isso nas calmas. Vá, dá cá um abraço ao teu velhote…

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